quarta-feira, 17 de outubro de 2018

Pós-Graduação em Revisão de Textos em Brasília-DF

Em Brasília, há o curso de especialização latu senso de Revisão de Texto, oferecido pelo Uniceub. O curso é bom, mas, para aqueles que não têm domínio de uso de normas formais, talvez não seja a melhor opção. É um curso (ao menos quando eu me formei, em 2011/12, não me lembro mais rsrs) com proposta mais acadêmica. Eu acredito que esse curso seja interessante para aqueles que têm uma base de formação na área de Revisão de Texto. Se você não tiver domínio de regras gramaticais, questões estilísticas, pode não ser o curso ideal para você.
De qualquer maneira, curso algum deve se responsabilizar pelo profissionalismo do Revisor. A formação auxilia o profissional, sim, mas é preciso, sempre, ir além e buscar por cursos de atualização, bem como exercer o ofício de Revisão, para lidar com questões “reais” acerca do texto. Segue uma lista com alguns cursos de Revisão de Texto online e presencial, não tenho muito a dizer sobre eles, busque pela descrição de cada um, veja o currículo  destes e tire as suas próprias conclusões. A análise do currículo deve, com certeza, nortear a sua escolha.
A distância: http://unyleya.co.ao/pos-graduacao/curso/revisao-pratica-texto/
Rio de Janeiro: http://www.cce.puc-rio.br/sitecce/website/website.dll/folder?nCurso=capacitacao-para-revisores-de-traducoes&nInst=cce
Belo Horizonte: http://www.pucminas.br/Pos-Graduacao/IEC/Cursos/Paginas/Revisao-de-Textos-Pra%C3%A7a%20da%20Liberdade_5.aspx?moda=5&polo=7&curso=217&situ=1
Brasília: https://www.uniceub.br/cursos/mais/pos-graduacao/revisao-de-texto/sobre-o-curso.aspx
Taquara (RS): https://www2.faccat.br/portal/?q=node/2598 (link ilustrativo, procure no Google “Revisão e Avaliação de Textos Faccat + ano” – as aulas começam em maio)
Bacharelado em Pelotas/RS: http://wp.ufpel.edu.br/rrt/curso/
Curitiba: http://www.fae.edu/cursos/?cid=94886051

sexta-feira, 5 de outubro de 2018

A importância do Revisor de Textos

"Toda vez que manda um texto para ser publicado, o autor se coloca nas mãos do revisor, esperando que seu parceiro não falhe."

(Luis Fernando Verissimo)


Segue crônica em que o escritor tece alguns comentários a respeito da importância do profissional de revisão de textos:

CUIDADO COM OS REVIZORES
Todo escritor convive com um terror permanente: o do erro de revisão. O revisor é a pessoa mais importante na vida de quem escreve. Ele tem o poder de vida ou de morte profissional sobre o autor. A inclusão ou omissão de uma letra ou vírgula no que sai impresso pode decidir se o autor vai ser entendido ou não, admirado ou ridicularizado, consagrado ou processado.
Todo texto tem, na verdade, dois autores: quem o escreveu e quem o revisou. Toda vez que manda um texto para ser publicado, o autor se coloca nas mãos do revisor, esperando que seu parceiro não falhe. Não há escritor que não empregue palavras como, por exemplo: “ônus” ou “carvalho” e depois não fique metaforicamente de malas feitas, pronto para fugir do país se as palavras não saírem impressas como no original, por um lapso do revisor. Ou por sabotagem.
Sim, porque a paranoia autoral não tem limites. Muitos autores acreditam firmemente que existe uma conspiração de revisores contra eles. Quando os revisores não deixam passar erros de composição (hoje em dia, de digitação), fazem pior: não corrigem os erros ortográficos e gramaticais do próprio autor, deixando-o entregue às consequências dos seus próprios pecados de concordância, das suas crases indevidas e pronomes fora do lugar. O que é uma ignomínia. Ou será ignomia? Enfim, não se faz.
Pode-se imaginar o que uma conspiração organizada, internacional, de revisores significaria para nossa civilização. Os revisores só não dominam o mundo porque ainda não se deram conta do poder que têm. Eles desestabilizariam qualquer regime com acentos indevidos e pontuações maliciosas, além de decretos oficiais ininteligíveis. Grandes jornais seriam levados à falência por difamações involuntárias, exércitos inteiros seriam imobilizados por manuais de instrução militar sutilmente alterados, gerações de estudantes seriam desencaminhadas por cartilhas ambíguas e fórmulas de química incompletas. Os efeitos de uma revisão subversiva na instrução médica são terríveis demais para contemplar.
Existe um exemplo histórico do que a revisão desatenta – ou mal-intencionada – pode fazer. Uma das edições da Versão Autorizada da Bíblia publicada na Inglaterra por iniciativa do rei James I, no século XVII, ficou conhecida como a “Bíblia Má”, porque a injunção “Não cometerás adultério” saiu, por um erro de impressão, sem o “não”. Ninguém sabe se o volume de adultérios entre os cristãos de fala inglesa aumentou em decorrência dessa inesperada sanção bíblica até descobrirem o erro, ou se o impressor e o revisor foram atirados numa fogueira juntos, mas o fato prova que nem a palavra de Deus está livre dos revisores.
A mesma bíblia do rei James serve como um alerta (ou como o incentivo, dependendo de como se entender a história) para a possibilidade que o revisor tem de interferir no texto. O objetivo de James I era fazer uma versão definitiva da Bíblia em inglês, com aprovação real, para substituir todas as outras traduções da época, principalmente as que mostravam uma certa simpatia republicana nas entrelinhas (como a Bíblia de Genebra, feita por calvinistas e adotada pelos puritanos ingleses, e que é a única Bíblia da História em que Adão e Eva vestem calções. Para isso, James reuniu um time dividido entre os que cuidariam do Velho e do Novo Testamento, das partes proféticas e das partes poéticas, etc. Especula-se que as traduções dos trechos poéticos teriam sido distribuídas entre os poetas praticantes da época, para revisarem e, se fosse o caso, melhorarem, desde que não traíssem o original. Entre os poetas em atividade na Inglaterra de James I estava William Shakespeare. O que explicaria o fato de o nome de Shakespeare aparecer no Salmo 46 – “shake” é a 46ª palavra do salmo a contar do começo, “speare” a 46ª a contar do fim. Na tarefa de revisor, e incerto sobre a sua permanência na História como sonetista ou dramaturgo, Shakespeare teria inserido seu nome clandestina e disfarçadamente numa obra que sem dúvida sobreviveria aos séculos. (Infelizmente, diz Anthony Burgess, em cujo livro A mouthful of air a encontrei, há pouca probabilidade de esta história ser verdadeira. De qualquer maneira, vale para ilustrar a tentação que todo revisor deve sentir de deixar sua marca, como grafite, na criação alheia.)
Não posso me queixar dos revisores. Fora a vontade de reuni-los em algum lugar, fechar a porta e dizer “Vamos resolver de uma vez por todas a questão da colocação das vírgulas, mesmo que haja mortos”, acho que me têm tratado bem. Até me protegem. Costumo atirar os pronomes numa frase e deixá-los ficar onde caíram, certo de que o revisor os colocará no lugar adequado. Sempre deixo a crase ao arbítrio deles, que a usem se acharem que devem. E jamais uso a palavra “medra”, para livrá-los da tentação.
Luis Fernando Verissimo

quinta-feira, 4 de outubro de 2018

O que faz um Revisor de Textos?

O Revisor de Textos não é um demônio que está entre nós com a única função de apontar os nossos erros, brincar com palavras ou desconstruir os nossos textos. Tampouco é um Deus, onisciente, onipresente e onipotente. Na verdade, a função do Revisor de Textos é analisar o texto, apontar e corrigir inadequações relativas à escrita, inadequações gramaticais, erros ortográficos, impropriedades lexicais, períodos mal elaborados, truncados. O objetivo do Revisor de Textos é, grosso modo, "vestir" nossos textos em seus “melhores trajes” para “certa ocasião”.
Bom Revisor de Textos deve dominar as regras de uso da Língua Portuguesa em seus diversos contextos, especialmente as regras de uso formal. É, também, aquele que desconfia, é curioso e tem senso investigativo.  Bom Revisor dialoga com os seus clientes, expõe a estes o seu objeto de trabalho e nos traz contribuições em nível linguístico.
Embora seja profissional praticamente “invisível”, é extremamente necessário. Afinal, todo texto precisa ser revisado, mesmo os textos redigidos pelos próprios Revisores de Textos. Por meio do ofício de Revisão de Textos, nós autores podemos nos conscientizar e aprender mais sobre as nossas “fraquezas” em relação ao processo de escrita e de pensamento, aprender sobre as nossas inadequações e incoerências textuais, melhorar e, assim, aperfeiçoar a redação de textos futuros.
Vale ressaltar que Revisores não modificam o conteúdo/essência/planejamento do texto, especialmente textos acadêmicos. Essa é atividade ilegal! Não pergunte a um Revisor se ele redige trabalhos acadêmicos, não peça a um Revisor para redigir um trabalho acadêmico. E não devemos confiar em Revisores que o fazem, afinal, estaremos lindando com criminosos.
Há muitas crenças a respeito do fato de que editores e Revisores de Textos modificam, alteram ou reescrevem a história/o conteúdo original criada pelo autor. Não é esta a função do Revisor ou do *Editor. Revisores e editores atentam-se à estrutura do texto, à sua apresentação; ao que é dito, e, especialmente, a como é dito.
*Obs: o termo “Editor” está bastante atrelado ao universo de publicação de livros, revistas, jornais. Para o caso de profissionais freelancers, não se utiliza muito esse termo. Na verdade, é preciso muito cuidado para pensar em edição de um texto, pois essa tarefa se limita a determinados contextos e não se aplica a outros, como o caso de publicações acadêmicas ou revisão de textos acadêmicos.